PORQUE SE FUNDOU
EM 11 DE OUTUBRO DE 1879
O JORNAL A VOZ DO OPERÁRIO
RAÚL ESTEVES DOS SANTOS
Subsídio para a história da hemérita Sociedade de Instrução e Beneficência A Voz do Operário. / Notas referentes à odisseia da classe tabaqueira no período que vai de 1839 a 1879. / A inauguração de uma lápide (1931) na casa onde foi fundado o jornal «A Voz do Operário».
Com dedicatória autógrafa de Raúl Esteves dos Santos ao «querido amigo e ilustre escritor» Albino Forjaz de Sampaio, em Maio de 1935.
Ilustrada no texto com três fotografias a preto, duas de página inteira, de vistas exteriores, e a lápide inaugurada em 1931.
Caderno de (2),22 páginas. 19 x 13,5 cm. Capa com manchas leves. Separata da Revista Portuguesa de Comunicações, Lisboa, 1935.
Preço: 30 euros.

SUNDAY ENTERTAINMENT
ANO II (1944/1945)
ANO III (1945/1946)
Colecção incompleta do jornal escolar, em língua inglesa, Sunday Entertaiment, fundado por Elviro da Rocha Gomes no Liceu (de) Camões, Lisboa. Hebdomadário de uma página só — duas nos n.ºs III-3, III-15, III-17; e quatro no n.º III-10, o único de formato dissonante —, policopiado em folhas de 34 x 23 cm, regra geral de papel encorpado, era editado pelas turmas de Inglês, coordenado pelos professores, sujeito a censura prévia e publicado à segunda-feira. Umas vezes totalmente desenhado e manuscrito, noutras incluindo um ou mais blocos de texto dactiloscrito, também a cada número, ou suplemento, o título e o cabeçalho do jornal eram reimaginados e redesenhados, com frequência por um aluno diferente.
Continha anedotas, provérbios, adivinhas e picardias, por vezes palavras cruzadas e desafios matemáticos; entrevistas, e.g. António Luiz Pranchas, 65 anos, funcionário no Liceu desde os dezoito (III-12); histórias delirantes, de criação colectiva, com os autores como personagens; recensões de cinema ou dos documentários projectados nas sessões culturais organizadas pelo jornal; poemas de autores ingleses ou dos estudantes; textos derivados de assuntos pesquisados e de fait-divers; notícias do quotidiano escolar, como festas organizadas pelas turmas, ou o surgimento de um outro jornal publicado no Liceu, o Águia (III-16); e também notícias incontornáveis do mundo extra-escolar, como o fim da Segunda Guerra Mundial, celebrada num número inteiro dedicado à paz (II-12).
Ao longo do segundo ano de publicação (1944/1945) houve um progressivo afastamento dos professores das posições de direcção e definição do S.E., aumentando as responsabilidades dos alunos perante o resultado final, o que naturalmente conduziu a um questionamento crescente da linha editorial e das opções temáticas que a publicação vinha tendo. Pois a partir do terceiro ano de publicação (1945/1946), por certo inspirado no sistema partidário britânico, surgiu ali algo de muito estranho ao Portugal de então: um “combate político”, de facto, pela direcção editorial e gráfica do Sunday Entertainment. Formaram-se três partidos — The Traditional Party — The Selective Party — The Reform Party, e marcaram-se eleições para Janeiro e Abril, supervisionadas pelo próprio Rocha Gomes (III-16,17).
Nos períodos de campanha eleitoral — com direito a palavras de ordem, debates, promessas, propaganda, caça ao voto, até mesmo queixas de subornos e de ameaças —, a direcção do jornal foi sendo entregue a cada um dos partidos, com efectivas mudanças de forma e conteúdo. Em Janeiro de 46, os Selectivists venceram as primeiras eleições, com o seu programa moderado de «evolução prudente», «manutenção» das qualidades e «transformação» dos defeitos. Já activo na campanha política, adquiriu então maior preponderância no S.E. o tesoureiro do partido vencedor, com vários textos sobre empenho, espírito de equipa e coragem no trabalho redactorial, mas também sobre futebol e outros costumes populares portugueses, assinados Fisher, Lopes Pires, F. Lopes Pires, Nuno Lopes Pires ou Nuno Fisher. (*)
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Lote composto por 31 números do jornal Sunday Entertainment, de um período de dois anos lectivos, a que se somam 4 suplementos e 2 circulares “internas” do mesmo período:
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- 15 números do ano II da publicação (1944/1945), pela 5.ª classe — números 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 14, 15, 16 — quinze dos 16 números publicados nesse ano lectivo, e duas circulares.
Falta o número 13, que terá sido publicado dois dias após o armistício de 1945 e assinalaria o fim da Segunda Guerra Mundial, tanto que o número seguinte, de 16 de Maio, é todo ele celebratório da paz. Aos números 2 e 8 está acoplada uma folha de igual formato e semelhante gramagem, e igualmente impressa apenas de um lado, com memorandos (escritos em português) alusivos à atribuição e definição de funções na equipa que produzia o jornal.
- 15 números do ano II da publicação (1944/1945), pela 5.ª classe — números 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 14, 15, 16 — quinze dos 16 números publicados nesse ano lectivo, e duas circulares.
- 16 números do ano III da publicação (1945/1946), pela 6.ª classe — números 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 12, 13, 14, 15, 16, 17 — dezasseis dos 17 números publicados nesse ano lectivo, e quatro suplementos-programa.
Falta o número 11 (início de Março de 1946), mas acrescem 4 suplementos (em português), com a programação e apresentação da 1.ª, 2.ª, 3.ª e 4.ª sessões culturais Sunday Entertaiment, organizadas pelo jornal a partir de Janeiro, isto é, projecção de documentários ingleses, sobre ciência, arte, tecnologia ou cultura inglesa, cedidos pelo Instituto Britânico.
Os nomes dos colaboradores (desenhos e texto), surgem maioritariamente por alcunhas, pares de apelidos ou anagramas: Nipto, Orbur, Grab, Dino, Zéfiro, Zorro, Trigo, Ávlis, Líbano, Dêcê, Ygnotus, Jocale, Barba Rôxa, Bigode Rapado, Pencudo, Ali-Babá, Aly-Kat, Miguel Strogoff, Ávis Rara, Fred-às-tiras, Tira-o-pullover, Johnny-vem-sem-mula [os 3 mais dedicados ao cinema], João Diabinho, Ruy Vasco, Santos Nogueira, Rebelo Martins, Risques Pereira, J. Estrêla Pinheiro, Alegre Branco, Matos Silveira, F. Alves da Silva (ou F.A.S.), Effray Brier, João Lencastre, Virgílio M. Correa, Oliveira Santos, F. Carreira, F. Jesus, Eurico Cruz, Cabral Araújo, Hugo Pires, J. Santana Dionísio, C. Alberto Rosa, J. Frazão Faria, Saraiva Lima, Correia Mendes, Cunha Bastos, David Ferreira, Jorge F. Pereira, Carlos Beaumont, Batista Lopes, Soares Bento, Italo Rivera, Armando de Sá, Santa-Rita, William Bay, Passos Ponte, Graça Baptista, Modesto Gonzalez, Correia Landes, Nuno Fisher Lopes Pires.
Em bom estado geral, com uma ou outra imperfeição irrelevante devido a manuseio. Alguns números com o carimbo oleográfico do Liceu.
Muito invulgar.
Preço: 170 euros (reservado).
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O mesmo Nuno Fisher Lopes Pires, cerca de 28 anos depois, foi o oficial de mais alta patente no pequeno grupo da confiança de Otelo que, a partir de um quartel na Pontinha, comandou as operações revolucionárias da madrugada do 25 de Abril («esteve na conspiração desde as primeiras horas»).

10 COMPOSIÇÕES GRÁFICAS SOBRE VERSOS DE OS LUSÍADAS DE LUÍS DE CAMÕES
TH. DE MELLO / TOM
Álbum-pasta trilingue (português/francês/inglês), 32 x 35 cm, concebido com a mestria e a atenção extrema ao pormenor gráfico de Tom:
As ilustrações […] têm origem no convite de Natércia Freire para uma única ilustração a propósito do quarto centenário de Os Lusíadas, numa futura exposição que a escritora comissaria: Os Lusíadas que Fomos, os Lusíadas que Somos. Glosando a canónica obra quinhentista, Tom afasta-se da preguiça plástica dos outros artistas convidados e multiplica por dez a encomenda, criando um álbum onde faz um ajuste de contas cruel e desiludido com um mundo orweliano em que o artista já não se revê. Não é difícil enquadrar esta obra na agonia do regime ou nos grafismos de João Abel Manta, que empreende por essa época uma demanda solitária contra a decadência moral e política do país nas suas ilustrações, cartoons e caricaturas. Tom publicará a obra no ano seguinte, 1973, no formato de 35 x 32 cm e as páginas coladas em banda contínua. Os originais das composições, em grande formato, são traçados a tinta da china e redes gráficas autocolantes de diferentes densidades. O luxuoso objeto gráfico é o canto do cisne do ilustrador Tom.
[Jorge Silva, aqui].
Miolo em harmónio, desdobrável, impresso a preto e bronze apenas na frente do bloco, com 27 páginas de 32 x 34,5 cm cada.
Com um texto escrito para este álbum por Natércia Freire, «A Eternidade Moderna de Os Lusíadas», traduzido para inglês por Ida Turner Donnat.
Tiragem de 600 exemplares, numerada (este o n.º 101) e assinada pelo autor, impressa nas oficinas gráficas da Litografia de Portugal, em Lisboa, aos 30 dias do mês de Setembro de 1972.
Capa com algumas manchas, maioritariamente leves e junto à margem superior, e uma aparente mancha de tinta rosa, um pouco abaixo do título. Ínfimas falhas de papel na margem inferior da primeira página, e no canto superior direito e margem superior da capa. Mantém-se um bom exemplar.
Preço: 160 euros.

MEMÓRIAS DE UMA MÁQUINA DE ESCREVER
AUGUSTO JOSÉ TEIXEIRA LOPES
Miscelânea de ficção, poesia, história, comentário e crónica por ocasião do centenário da máquina de escrever. Com dedicatória não autoral na página de guarda, datada de 1969. Capa assinada «Guerra».
Brochado. 112 páginas. 21 x 15 cm. Capa com algumas manchas marginais, igualmente presentes nas primeiras e últimas páginas. Edição do autor, Lisboa, 1967.
Preço: 17 euros.

UM ANO TRÁGICO
LISBOA EM 1836
A-PROPÓSITO DO CENTENÁRIO DA ACADEMIA DE BELAS ARTES
IMPRESSÕES — COMENTÁRIOS — DOCUMENTOS
LUÍS VARELA ALDEMIRA
Ilustrado em extra-texto com um retrato de Passos Manuel por Varela Aldemira, «segundo uma litografia de J. B. Ribeiro». Brochado. 273,(7),[1] páginas, por abrir. 26,5 x 20 cm. Miolo em papel encorpado, com ocasionais manchas leves. Pequena falha de papel no pé da lombada. Bom exemplar. Edição subsidiada pelo Instituto para a Alta Cultura, Lisboa, 1937.
Preço: 60 euros.



A HORA UNIVERSAL
DOS PORTUGUESES
PEDRO VEIGA
Autografado por Pedro Veiga com dedicatória a Falcão Machado, a quem dirige uma carta-manuscrita, na sua inconfundível caligrafia, em curioso papel amarelo (17,3 x 13,5 cm); carta assinada mas não datada, com 4 páginas (uma em branco) e cerca de 202 palavras, onde comenta, com interesse literário evidente, alguns assuntos bibliográficos e artísticos — há uma referência ao artista João Carlos [Celestino Gomes] — comuns, maioritariamente conimbricenses:
Penso que não faria mal eu tratar pictoralmente Coimbra nos ex-libris e nos selos postais. E também na literatura musical. Nos fadunchos!
Com ex-libris de Pedro Veiga. Sobrecapa editorial em papel marmoreado. Tiragem numerada e assinada (este o n.º XXXI, de um total não indicado). Ligeiros picos de oxidação. Bom estado geral. 16 páginas, por abrir. 22,7 x 17,5 cm. Porto: Edições «Prometeu», [s.d.].
Conjunto invulgar.
Preço: 125 euros.

CARTA HISTÓRICA E POLÍTICA SOBRE O COMÉRCIO DO LIVRO
DIDEROT
Tradução e comentário de Maria Isabel Ribeiro de Faria, bibliotecária da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra.
Primeira publicação da tradução (antecede a separata do mesmo ano e editor), nas páginas 271 a 354 do BOLETIM DA BIBLIOTECA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA. VOL. XXXIV — 1.ª PARTE. Homenagem a Jorge Peixoto. Inclui artigos sobre arquivística e biblioteconomia, e ensaios de Raul de Matos Fernandes («Jornais do Porto, 1896-1925»), José da Costa Miranda («Luigi Pulci, Durante da Gualdo e Circo da Ferrara: apontamentos sobre a presença, em Portugal, dos seus poemas cavaleirescos»), entre outros. Brochado. 407,(3) páginas. 24,5 x 17,5 cm. Lombada amarelecida. Bom exemplar. Coimbra: Universidade de Coimbra, 1978.
Preço: 17 euros.

DOCUMENTOS PARA A
HISTÓRIA DA TIPOGRAFIA PORTUGUESA
NOS SÉCULOS XVI E XVII
VENÂNCIO DESLANDES
Reprodução em fac-símile do exemplar com data de 1888 da Biblioteca da INCM. Introdução de Artur Anselmo. Com um retrado de Venâncio Deslandes, reprodução de uma gravura de 1905. [Índice dos tipógrafos reproduzido em duas das fotografias supra ⇑ ]. Edição sob os auspícios da Comissão Executiva do V Centenário do Livro Impresso em Portugal. Em bom estado. 316+(4) páginas. 24,4 x 16,8 cm. Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 1988.
Preço: 30 euros.

ORIGENS DA IMPRENSA EM PORTUGAL
ARTUR ANSELMO
Circunscrevemos o nosso trabalho à produção tipográfica portuguesa do século XV. O seu objecto é, assim, a análise hstórico-tipológica dos documentos impressos em Portugal desde a data da introdução da imprensa de caracteres móveis até 1500, inclusive. [p. 21]
Com dezenas de ilustrações no texto, e índice onomástico. 510,(6) páginas. 28 x 21 (x 3,5) cm. Lombada amarelecida. Capa com mancha solar. Miolo limpo. No geral, um bom exemplar. « […] na década em que se completam 500 anos da entrada da tipografia em Portugal». Lisboa: Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 1981.
Preço: 40 euros.
